Coreografia, Sequência coreográfica e Sensibilidade
coreografada fluída (Improviso)
.
Escrevo estas linhas, apenas com o intuito de esclarecer as
diferenças, para elucidar um público apreciador e poderá servir ainda, para
tranquilizar alguns (as) futuros (as) profissionais em qualquer área de dança.
Iniciarei abordagem com: “Sequência Coreográfica”
*Sequência Coreográfica, consiste em: escolher uma música de
que se gosta, que fique bem com certos movimentos, adquirir alguns
acessórios/ou não, adicionar os passos em contagens técnicas e harmonizar o
conjunto. Pode-se ou não, criar uma sequência-refrão. Em
seguida, é decorada e ensaiada a sequência para a seguir ser apresentada em
público ou apenas para práticas em sala de aula.
*Coreografia:
Consiste em: Inspirar-se num tema, dar um título à essa
inspiração, escolher a música certa (relacionada ao tema) e, dentro do contexto,
aplicar a técnica, harmonizar o conjunto e exteriorizar os pormenores através
dos movimentos. Se a criação for direcionada à um grupo/alunas (os), adaptar
algumas fases da coreografia mediante a dinâmica e estética do todo.
*Sensibilidade Coreografada Fluída:
Consiste basicamente em atuações solo, em que, a performer, tendo conhecimento de causa, conhecendo ou não
as músicas, tem a capacidade de sentir e deixar transbordar os movimentos
através da sua paixão colocada no trabalho executado, sem a necessidade prévia
de ensaios.
Todos os profissionais de dança, em todas as categorias de danças,
criam sequências coreográficas auto-destinadas ou destinadas aos alunos (as).
Mas nem todos coreografam ou improvisam.
Coreógrafo é um “compositor do corpo”, assim como há na música. Quando alguém vai à um “workshop de coreografia”, está, na verdade, “comprando” um material para ser usado, assim como quando vamos à uma loja e compramos um CD de um artista musical. A coreografia pode ser executada e até ensinada pelo “comprador” dela, desde que o “autor” seja mencionado, mostrando respeito e dignidade. Um CD que compramos pode ser nosso, mas não fomos nós quem compomos ou quem colocou a voz para a gravação das músicas contidas no CD. Não é menos capaz quem não cria coreografias, apenas cada um tem seus atributos, um bom exemplo é a famosa coreografia clássica: “Lago dos Cisnes”, os professores pagaram suas mensalidades nas escolas de dança durante anos para aprender e depois ensinarem seus alunos que as executam, todos possuem seu papel e cada um tem sua importância.
Para executar a sensibilidade coreografada fluída, é preciso
maturidade pessoal interior, segurança e conhecimento do que se é ou não capaz
de fazer bem. Para mim, bem como para outras profissionais da dança Oriental,
dançar /atuar, seja com música CD ou com músicos ao vivo, sempre foi e é
improviso, é uma cumplicidade entre alma-corpo-música, é aquilo que vem da alma
e flui. Mas para algumas performers, é
preciso saber de antemão o que vai ser tocado, ensaiar e somente depois
executar. Isso não é errado nem “melhor/pior”, apenas é como é, porque cada Ser
é único.
Eu crio as coreografias para minhas (meus) alunas (os),
porque é algo natural em mim, não somente na dança oriental. Sempre que vou ensinar uma coreografia eu digo
o que é criação minha e, (raramente acontece, mas por vezes, ensino também
coreografias dos meus professores, coreografias as quais eu “comprei” num
workshop, geralmente menciono a composição original e faço adaptações, pois
entendo que seja uma forma de honrar e dignificar outros profissionais ) sempre
dou nome do “compositor corporal”, pois é o que gosto que façam comigo.
Resumo: Um Coreógrafo poder ser considerado “Compositor Corporal”, enquanto que um Performer pode ser comparado ao “Vocalista
principal” , um Instrutor de dança pode
ser comparado com “Os Instrumentos, o
Estúdio e o que dá Vida”. Todos tem suas funções e estão interligados. Um artista
profissional pode ter uma ou todas as qualidades, mas cada um é como é e nenhum
é melhor ou pior, pois desde que seu empenho e amor aplicado ao trabalho seja
cem por cento genuíno, será sempre muito necessário para ajudar a embelezar o
mundo, que afinal, é nossa tarefa como artistas co-criadores, em contribuição
para um mundo melhor.
Vanijah (Vânia Moraes) – 07-02-2015 (Porto-PT)
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