Aquilo que vem da Alma é o título de um livro que escrevi em 2006, sobre danças e o Outro lado da Dança, fornecido como material didático para alunas dos meus cursos profissionalizantes.
Segue um trecho:
A Beleza como um Todo
Já os Deuses
nos ensinaram que o corpo é o templo onde habita nossa Alma.
Para uma bailarina de
dança do ventre, ou dança oriental, o corpo é uma fonte de pesquisa infinita e
quanto mais se descobre do que ele é capaz, encontrando seus diamantes por
lapidar, maior se torna o interesse por aprender-se.
Uma
exteriorização da Deusa interior existente em cada mulher, então seu
inconsciente a lembra de que a alma transmite a mensagem como quem entoa um
mantra, e seu corpo responde como um templo vibrando em formas-movimentos dando
vida e moldando estas mensagens que mais se parecem com uma prece divina.
A dança do
Oriente, (Raqs Sarqui) é uma arte tão antiga que até os dias de hoje não se
pode comprovar sua origem, uma vez que não existe nada documentado. As
lendas são muitas, para mim, a mais bela de todas, é a das bailarinas sagradas dos templos, na
qual narra a origem da dança dos sete véus, onde elas, as sacerdotisas,
dançavam em homenagem à grande Deusa, e cada véu, simbolizava um degrau de
evolução do espírito, com as cores dos chakras, os véus eram retirados um a um,
como o desvendar das máscaras que a impediam de ver além do seu limite físico,
a venda era retirada, simbolizando a descida da matéria e ascenssão do
espírito.
Hoje em dia,
a dança ultrapassou não somente os
limites dos templos como se fortificou pelo ocidente, ao qual foi dado o nome
de “dança do ventre” pelos franceses.
Conta uma
outra lenda, que um distinto Príncipe, desejava encontrar uma bela mulher para
ser sua companheira, porém não se agradava de nenhuma princesa as quais lhe
apresentava, até que uma dia, houvera
uma festa em seu reinado, e entre outros espetáculos, uma graciosa e sensual
bailarina entra ao ouvir o som dos tambores dos músicos e dá início à uma dança
quase que hipnotizante. No final da apresentação, o príncipe chama seu
conselheiro e pede que lhe lhe pergunte: “- De onde vem esta dança?” E seu
conselheiro pede para que a própria bailarina o responda, então ela diz: “-
Majestade, a inspiração do poeta vem do coração, do cantor vem da voz, mas
nesta dança, a inspiração vem do corpo todo...”
Podendo ser
dançada por qualquer pessoa em qualquer idade, a dança do Oriente (chamarei
assim, pois dança do ventre é apenas uma entre muitas vertentes desta dança de variadas e
maravilhosas influências), é reconhecida visualmente pela sua capacidade de
mover partes do corpo separadas e juntas como um todo.
A beleza vem
de dentro, A beleza num todo, ou seja: Ouvir a oração que alma canta, para o
corpo moldar e expressar através da estrutura que se adquire ao longo da
jornada individual de aprendizagem.
Vanijah Mahamudra